ECONOMIA CIRCULAR

O conceito não é novo, mas pouca gente coloca em prática. Segundo Luisa Santiago, líder da Fundação Ellen MacArthur no Brasil, basicamente a economia circular põe valor no que viraria “lixo”, ou seja, por que descartar se é possível reduzir, reutilizar ou reciclar? Inserir o ganho econômico à lógica da sustentabilidade é um dos pontos centrais da economia circular. A ideia surgiu nos anos 1970, principalmente em países europeus, mas só nos últimos anos começou a ser difundida no Brasil. Criada em 2010 na Inglaterra, a Fundação Ellen MacArthur é uma das principais catalisadoras dos projetos de economia circular no mundo.

A economia que conhecemos hoje é linear. Isso significa que a maioria dos bens de consumo é produzida a partir da extração de novas matérias-primas), que depois de algum tempo de uso acabam virando lixo! É basicamente uma economia de extração de valor e de desperdício. Há 150 anos isso parecia inovador, mas não cabe mais na realidade atual, onde recursos naturais estão escassos e o mundo está abarrotado de lixo.

Mas se os recursos já utilizados não podem mais simplesmente virar lixo, você deve estar se perguntando: o que fazer com eles? A resposta está na economia circular, que cria valor sobre os recursos que já existem, mantendo-os em uso por mais tempo. Trocando em miúdos, a proposta da economia circular é dar um fôlego ao planeta, buscando novas maneiras de gerar valor ao nosso consumo e descarte desenfreado.

Mais do que uma “moda”, a economia circular tem sido impulsionada pelo interesse e adesão de grandes empresas ao longo dos últimos anos. O objetivo é usar ferramentas, metodologias e conhecimento em recursos de alto valor agregado, para buscar novas possibilidades e caminhos à atual cultura de usa-descarta.

O conceito de circularidade não deve estar apenas nas grandes corporações, deve estar na nossa casa, no nosso bairro, em todos os lugares, pois trata-se de um processo de evolução, como o que foi vivido pela humanidade na II Revolução Industrial. No entanto, diante de um contexto urgente de sustentabilidade, é necessário repensarmos nossa forma de consumo, a disponibilidade de recursos e os modos de produção.

Em muitas definições a economia circular se resume aos termos Reduzir, Reutilizar e Reciclar, mas ela vai muito além. Para definir a maioria dos termos ligados à economia circular o Circle Economy – grupo apoiado pela ONU Meio Ambiente – mapeou diversos termos e definições usados por mais de 20 organizações – ONGs, agências governamentais, universidades e consultorias. Depois de interpretar e agrupar esses termos o grupo definiu sete elementos-chave que definem o conceito de circularidade econômica.

Priorizar os Recursos Regenerativos

Garantir que recursos renováveis, reutilizáveis e não tóxicos sejam utilizados como materiais e energia de maneira eficiente.

Preservar e estender o que já foi feito

Enquanto os recursos estão em uso, mantenha, repare e atualize-os para maximizar sua vida útil e dar-lhes uma segunda vida através de estratégias de devolução, quando aplicável.

Utilizar do desperdício como um recurso

Utilize fluxos de resíduos como fonte de recursos secundários e recupere resíduos para reutilização e reciclagem.

Repensar o modelo de negócio

Considere oportunidades para criar maior valor e alinhar incentivos por meio de modelos de negócios que se baseiam na interação entre produtos e serviços.

Design para o futuro

Dê conta da perspectiva dos sistemas durante o processo de design, para usar os materiais certos, projetar para uma vida útil apropriada e projetar para uso futuro prolongado.

Incorporar Tecnologia Digital

Acompanhe e otimize o uso de recursos e fortaleça as conexões entre os agentes da cadeia de fornecimento por meio de plataformas e tecnologias digitais e on-line que fornecem insights.

Colaborar para criar valor conjunto

Trabalhar em conjunto ao longo da cadeia de fornecimento, internamente nas organizações e com o setor público para aumentar a transparência e criar valor conjunto.