Você sabia que quase metade do plástico usado no mundo tem origem no setor de embalagens? De acordo com um relatório da empresa de consultoria e serviços KPMG, se as coisas não mudarem até 2050, a indústria do plástico será responsável por consumir 20% do petróleo do mundo.
E tem mais, os sistemas de coleta e trigem perdem quase um terço das embalagens plásticas, que vão parar no solo e nos oceanos. Sem contar que o plástico pode se degradar em partículas microscópicas que prejudicam a vida marinha, sendo transferidas por toda a cadeia alimentar — inclusive, para os humanos também.
Mas será que poderíamos viver sem plástico? Para o planeta (e para nosso futuro) isso seria algo muito interessante. Contudo, um olhar mais atento revela uma questão muito mais complicada.
Por que ainda não podemos parar de usar plástico?
As coisas são muito mais complexas do parecem. Vamos tomar como base o setor de alimentos, uma das cadeias de produção em que a relevância do plástico é mais significativa. A saída mais viável seria trocar o plástico pelo vidro. No entanto, apenas estaríamos mudando o problema de endereço. Ou melhor, estaríamos criando outros efeitos ambientais indiretos.
O vidro é mais vantajoso, pois ao contrário do plástico pode ser reciclado infinitamente. Mas uma única garrafa de vidro pesa muito mais que uma garrafa de plástico. No meio ambiente, as garrafas de vidro possivelmente gerariam um impacto ambiental maior do que as embalagens de plástico.
Além disso, quanto mais peso, maiores as emissões de carbono no transporte das embalagens de vidro. E se os próprios veículos de transporte fossem livres de plástico, eles próprios seriam mais pesados — o que apenas pioraria esse cenário de emissões para o meio ambiente. Ainda assim, mudar a embalagem dos alimentos é a parte mais simples.
Os hábitos dos consumidores também precisariam mudar. Muita gente não sabe, mas o plástico preserva os alimentos por mais tempo e, sem ele, teríamos que comprar com uma frequência maior — visto que os alimentos durariam menos. Obviamente, quanto mais nos movemos em veículos para fazer nossas compras, mais emissões de gás carbônico.
E a reciclagem?
Somente cerca de 14% de todas as embalagens de plástico são recolhidas para reciclagem. Além da falta de um sistema de coleta eficiente em muitas cidades, outro grande problema é que as pessoas nem sequer sabem que tipo de plástico pode ser reciclado.
Existem sete tipos básicos de plástico, quantidade que deixa o processo de reciclagem mais difícil. Uma opção seria fazer as embalagens de uma forma que a separação para reciclagem fosse mais fácil. Por exemplo, garantindo que as embalagens plásticas externas pudessem ser removidas com mais facilidade.
Plásticos coloridos e pretos são mais difíceis de serem analisados e identificados pelas tecnologias de reciclagem. Nesse sentido, outra opção seria limitar o uso do plástico em um único padrão para deixar as coisas mais simples.
De qualquer forma, a reciclagem também tem seus limites. Primeiro porque a qualidade do plástico a cada reciclagem diminui. Segundo, o processo contribui para a diminuição do valor de mercado e, claro, requer o uso de mais combustível para o derretimento e reutilização.
Plásticos a base de plantas, ou bioplásticos, feitos com cana-de-açúcar ou amido milho são algumas das últimas soluções estudadas. O problema é que ainda faltam investimentos pesados em pesquisas relacionadas a alternativas que sejam leves, convenientes e tão duráveis quanto os plásticos já usados. (Fonte: Mega Curioso | por Denisson Antunes Soares)