Divulgação/Agência de Notícias da Indústria

A importância estratégica dos catadores para a economia e a sustentabilidade

No atual contexto corporativo, a busca por práticas ambientais responsáveis e sustentáveis tem se tornado cada vez mais relevante. Empresas de todos os setores estão se comprometendo com as diretrizes do ESG (Environmental, Social and Governance), reconhecendo a importância de integrar ações que beneficiem o meio ambiente, a sociedade e garantam uma governança transparente.

Nesse sentido, é essencial destacar o papel dos catadores de materiais recicláveis, uma força de trabalho estimada entre 600 mil e 1 milhão de pessoas, segundo o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

Estima-se que 90% do material reciclado que retorna para a indústria passa pelas mãos desses profissionais, que atuam na coleta, separação e venda de materiais. Ao se engajarem na recuperação de embalagens, os catadores fomentam a cadeia da reciclagem. Já quando se organizam em associações ou cooperativas geram trabalho e renda, promovendo a inclusão social.

Porém, mesmo frente ao dedicado e imprescindível trabalho dos catadores, os números da reciclagem no Brasil mostram que ainda há muito trabalho a ser feito. Em um país com mais de 210 milhões de habitantes, cada pessoa produz em média 343 quilos de lixo por ano, totalizando cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Os dígitos apontam que, para mitigar os impactos ambientais e econômicos decorrentes dessa enorme produção de resíduos, é urgente que a maior parte do material gerado seja reaproveitado, reciclado ou compostado.

Entretanto, de acordo com a pesquisa Ciclosoft 2023 – Panorama da Coleta Seletiva no Brasil, realizada pelo Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.211 oferecem serviços efetivos de coleta seletiva. O levantamento considerou que realizam coleta seletiva efetiva os municípios onde o serviço atende a, no mínimo, 50% de sua população (rural e urbana), na modalidade porta a porta. Isso significa que 21,7% dos municípios se enquadram nesse critério de avaliação e que, somente 35,9% da população são, de fato, atendidos com coleta seletiva porta a porta no país.

A despeito do que preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), há uma morosidade na implantação efetiva de políticas públicas que promovam a coleta seletiva e destinação correta de resíduos, criando um cenário nocivo ao meio ambiente e à sociedade.

Outro ponto falho é a falta de ações contínuas de educação ambiental. Isso porque, mesmo em cidades onde há políticas de coleta seletiva e reciclagem, conforme apontamentos da Abrelpe, somente 30% das pessoas separam o lixo seco do orgânico. Embora a conscientização do consumidor seja fator-chave para impulsionar a reciclagem e promover a destinação adequada dos resíduos, a mudança de comportamento só ocorre mediante ações educativas.

É importante ressaltar que o material reciclável, como plástico, papel, vidro ou metal, possui maior valor comercial quando não está contaminado por resíduos orgânicos. Ao direcionar corretamente esses resíduos, é possível beneficiar economicamente as organizações de catadores, gerando renda especialmente para a parcela mais vulnerável da cadeia.

Diante desse cenário, a articulação entre o poder público, as associações de catadores e a iniciativa privada se torna ainda mais necessária. É fundamental que haja investimentos, sejam públicos ou privados, na implantação e fortalecimento da coleta seletiva e da logística reversa, incentivando a adesão do cidadão e potencializando a cadeia da reciclagem.

Para além do compliance

Nesse contexto, os programas de logística reversa focados em ações estruturantes são boas opções para a adesão da iniciativa privada. Para além do compliance, estas iniciativas possibilitam às empresas agirem em consonância com as diretrizes ESG, já que promovem a recuperação de massa (embalagens e afins) – poupando o meio ambiente – e ainda investem no fortalecimento físico e institucional das organizações de catadores.

Atenta a essa demanda, a MAPA.SA criou o MAPA.LR, programa de logística reversa voltado ao mercado de embalagens pós-consumo, que agrega hoje mais de 55 organizações. Com atuação em 22 estados e no Distrito Federal, o programa conta com 20 consultorias regionalizadas e recuperou mais de 15 mil toneladas em 2022.

Em contrapartida às ações estruturantes, o MAPA.LR obtém a documentação fiscal necessária para lastrear a comprovação da massa recuperada ou de resultados preestabelecidos por empresas aderentes. A comprovação efetiva da massa recuperada se dá por meio das notas fiscais de comercialização emitidas pelas cooperativas e associações de catadores.

Compartilhe!