O Ministério do Meio Ambiente (MMA) iniciou, em 2019, a implementação do sistema de logística reversa de baterias automotivas de chumbo ácido. A medida faz parte de um acordo intersetorial firmado com a Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (Abrabat), a Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (Sincopeças-BR) e o Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber).
O acordo estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de baterias integrarão o sistema, composto por pontos de coleta e pelos serviços de coleta, transporte, armazenamento e destinação final ambientalmente adequada de baterias que não têm mais uso. Importante frisar que o consumidor também faz parte do ciclo, uma vez que ele deve, voluntariamente, entregar as baterias nos pontos de coleta.
A iniciativa, alinhada ao Programa Lixão Zero, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS/2010), abrange todo território brasileiro, e já prevê participação acima de 60% em todas as regiões do País. As metas são progressivas, estimando recolhimento e envio para reciclagem de mais de 16 milhões de baterias automotivas de chumbo ácido até 2023. Segundo a Abrabat, o setor de baterias de chumbo ácido gera, anualmente, cerca de 300 mil toneladas de itens que ficam sem uso.
“O acordo de baterias de chumbo ácido vai permitir que, ao final de quatro anos de implementação, o sistema consiga recolher 16 milhões de baterias todos os anos, o que representa 155 mil toneladas de chumbo reciclados”, ressalta o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André França.
Segundo o secretário, além de prevenir a contaminação do solo e das águas, a logística reversa reduz a dependência da importação de chumbo para a fabricação de novas baterias, sendo um exemplo de sustentabilidade. “O Brasil é dependente de chumbo, ou seja, tem de importar esse metal pesado. Depois que esse sistema estiver implementado, ele vai suprir 75% da demanda nacional do setor. Isso é logística reversa, você reinsere na cadeia produtiva um produto que já não tem mais utilidade, como é o caso de uma bateria já exaurida”, pontua.
Da reciclagem feita com a bateria automotiva de chumbo ácido, além do chumbo recuperado, também são extraídas outras matérias primas que voltam à cadeia produtiva ao invés de pararem em um aterro sanitário, como é o caso do plástico e do ácido sulfúrico. “Em uma medida como essa, você tira novos aportes de poluentes do meio ambiente ao mesmo tempo em que aquece a economia gerando novas fontes de emprego e de renda”, lembra França. “Você fecha o ciclo de uma economia circular”, concluiu o secretário.
Perigos
A bateria automotiva é fabricada basicamente com chumbo, solução ácida e polímeros. O chumbo é utilizado como principal substância na fabricação industrial porque possui, entre outras vantagens, baixo ponto de fusão e alta resistência à corrosão. Por um lado, ele é perfeito para o produto; por outro, é prejudicial para o meio ambiente se descartado de maneira inadequada. Metais pesados contaminam solo, lençóis freáticos e até mesmo fauna e flora. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente)