Maior produtora mundial de transformados plásticos, a China respondeu por 50,3% das importações brasileiras em volume desse tipo de produto no ano passado, de acordo com um anuário recentemente divulgado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST). Em contraste, os Estados Unidos ocuparam o segundo lugar, com uma fatia bem menor, de 4,7%. Em termos de valor, a diferença entre os dois países foi menor, com a China contribuindo com US$ 1,26 bilhão (32,9% do total) e os Estados Unidos com US$ 476,5 milhões (12,5% do total). Isso ocorre porque os Estados Unidos exportam principalmente plásticos de maior valor agregado para o Brasil.
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da ABIPLAST, observa que a China, que agora é responsável por cerca de metade da produção de plásticos do mundo, tornou-se mais competitiva devido ao acesso a matérias-primas a custos mais baixos. No entanto, ele também ressalta que a indústria brasileira de plásticos não tem conseguido aumentar sua produção ou expandir suas exportações, apesar do aumento das importações de plásticos asiáticos. Em 2022, a produção nacional de plásticos encolheu pelo terceiro ano consecutivo, atingindo o menor nível em mais de uma década, com 6,7 milhões de toneladas, uma queda de 6,1% em relação a 2021. As exportações, por outro lado, somaram 317 mil toneladas, com um crescimento de 2,4%.
Roriz aponta que o mercado de plásticos está em declínio, e ele prevê que os próximos seis meses serão ainda mais desafiadores. Embora a indústria tenha tido um desempenho positivo nos primeiros seis meses do ano, com um aumento de 5% na produção em relação ao ano anterior, para 3,42 milhões de toneladas, a expectativa é de que a produção diminua no segundo semestre, tradicionalmente mais forte para o setor.
O custo estrutural elevado é identificado como o principal obstáculo à competitividade da indústria brasileira de plásticos. Roriz argumenta que a solução não está em aumentar as alíquotas de importação de resinas termoplásticas, pois isso prejudicaria a competitividade da indústria de transformação brasileira. Em vez disso, ele sugere que é fundamental tornar as resinas mais competitivas no Brasil, a fim de atender ao mercado interno e também exportar para outras regiões.
Em 2022, o faturamento do setor de transformados plásticos no Brasil atingiu R$ 117,5 bilhões, com US$ 3,8 bilhões provenientes das importações e US$ 1,4 bilhão das exportações. A Argentina foi o principal destino das exportações, respondendo por 32,9% do valor total. O setor contava com 11.339 empresas operando no país, empregando 343,9 mil trabalhadores. (Fonte: Valor Econômico)