No Brasil, a preocupação com as mudanças climáticas está em uma curva de crescimento. A conclusão é da Deloitte Consultoria, que realizou duas pesquisas com 2.000 executivos de 21 países (127 deles no Brasil) – a primeira entre janeiro e fevereiro de 2021, e a segunda entre setembro e outubro do mesmo ano.
Embora a inquietação com a crise do clima tenha aumentado no país, cresceu também o otimismo em relação a ações imediatas – os executivos acreditam que estas podem ser suficientes para mudar o curso das mudanças do clima.
Hoje, 83% dos executivos brasileiros acreditam que o mundo está em um ponto de virada – é preciso tomar providências urgentes para evitar o pior. Oito meses antes, essa preocupação só alcançava 68% dos líderes.
“No caso do Brasil, o que chama a atenção é o engajamento dos executivos. Podemos até discutir o nível de comprometimento, mas não é possível negar o engajamento. Ninguém acha que ESG (Environmental, Social and Governance, que traduzido significa Ambiental, Social e Governança) é besteira. A gente percebe que os esforços, tanto de investimento quanto de energia, já têm essa filosofia ESG”, diz Anselmo Bonservizzi, líder da prática de ESG da Deloitte.
Embora os executivos estejam mais preocupados, há uma expectativa de que é possível alcançar soluções. De acordo com o levantamento, 89% dos executivos (oito meses antes eram 54%) concordam que, com ações imediatas, é possível limitar os piores impactos das mudanças climáticas. Apenas 17% acreditam que é tarde demais para reparar os danos já causados (o número era de 46% há oito meses).
Futuros investimentos
Parte dessa visão mais otimista pode ser efeito das ações já colocadas em prática. O relatório mostrou que as companhias brasileiras estão à frente de outros países na hora de tomar atitudes práticas. “Os executivos brasileiros, em alguns aspectos, estão mais avançados do que a média global e provavelmente implementarão algumas das ações mais difíceis definidas pela análise da Deloitte”, informa a pesquisa.
Enquanto 80% das companhias brasileiras já usam materiais mais sustentáveis (como reciclados e produtos de baixa emissão de poluentes), essa taxa é de apenas 67% na média global. Há mais exemplos: 73% das empresas brasileiras treinam funcionários sobre os impactos da mudança climática, enquanto esse número é de 57% na média global. E 71% dos negócios brasileiros aumentaram a eficiência energética — no mundo, o índice é de 66%.
No quesito “ações mais difíceis de implementar” — porque envolvem, por exemplo, acordos com fornecedores ou custos maiores —, o Brasil está em equilíbrio com a média global, mas com alguns pontos a mais. Metade (50%) das empresas brasileiras já desenvolveram novos produtos ou serviços sustentáveis, enquanto a média global é de 49%. Exigir que fornecedores e parceiros de negócios atendam a critérios específicos de sustentabilidade, outra ação considerada desafiadora, já é uma realidade para 48% das companhias brasileiras (no mundo, 46%).
Para Bonservizzi, além da pauta ESG ser uma “questão de sobrevivência”, vai servir de base para futuras decisões de investimentos. “O capital, queiramos ou não, vai fluir para empresas que estão com a questão ESG em andamento. Ninguém hoje está interessado em investir em uma empresa que desmata e que não tem diversidade”. (Fonte: este conteúdo foi desenvolvido por Louise Bragado, da revista Época Negócios)
Leia também: Já ouviu falar em ESG? Saiba como essas três letras podem influenciar nosso dia a dia