Em 2021, em menos de sete meses, a humanidade esgotou para o ano inteiro a capacidade da natureza de se recompor. E não tem sido diferente em anos anteriores. “O Dia de Sobrecarga da Terra” (Earth Overshoot Day) chegou no último 29 de julho. A data foi criada como forma de alertar para o esgotamento dos recursos naturais.
O cálculo é feito pela Global Footprint Network (GFN), uma organização internacional de pesquisa. A instituição mede quantos dias do ano a biocapacidade é suficiente para suprir a demanda do mundo por recursos naturais no período. É preciso reverter este quadro, e rápido. Entre as iniciativas mais significativas está a adoção da economia circular. E o primeiro passo para a economia circular é zerar resíduos.
Ela é um conceito estratégico que está prioritariamente focado na abordagem Cradle to Cradle, ou seja, os resíduos são introduzidos novamente como “nutrientes” e, segundo este método, é possível que a natureza, economia e sociedade convivam em harmonia através do reuso, remanufatura, updating, remontagem, reciclagem e eliminação de resíduos para aterros.
Já existem muitas iniciativas neste sentido. Pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria, em 2019, mostra que 76,5% das indústrias desenvolvem alguma iniciativa de economia circular como otimização de processos, uso de insumos circulares e recuperação de recursos.
Mesmo assim, nos últimos 30 anos, apesar dos avanços tecnológicos e do aumento da produtividade dos processos industriais, que extraem 40% mais valor econômico das matérias-primas, a demanda por elas mostrou aumento de 150%. Ou seja, é preciso que as iniciativas relacionadas a economia circular sejam muito mais efetivas. A economia circular precisa estar incorporada às estratégias de sustentabilidade nas organizações, buscando a otimização dos recursos e a redução dos resíduos continuamente.
Uma das formas de iniciar o processo de economia circular é a adoção de um diagnóstico de circularidade com foco em zero resíduos para aterros. Este processo pode ser sistematizado em três etapas: primeiro, a análise dos sistemas já existentes na empresa quanto à economia circular e zero resíduos para aterros; depois, a identificação das correntes de resíduos e sua destinação para análise da reciclabilidade; por fim, a partir da análise destes dados podem ser identificadas lacunas e oportunidades de melhoria, com propostas para todos os fluxos de resíduos. Como exemplo da adoção deste processo, uma grande indústria local conseguiu aumentar seu índice de reciclabilidade de 80% para 96%.
Hoje, a humanidade consome 74% a mais do que os ecossistemas globais podem regenerar. É preciso adotar processos efetivos que gerem resultados capazes de frear o consumo e mudar este cenário. E a economia circular é o conceito que precisa estar presente frente a esta realidade. (Por Andrea Pampanelli – Doutora em Sustentabilidade | Via Gazeta de Alagoas)