No Brasil, o dia 16 de março é dedicado à Conscientização sobre Mudanças Climáticas. Mas, para além de tomar conhecimento do problema, é preciso, acima de tudo agir. E não estamos falando apenas de ações governamentais. É preciso ação individual, social, coletiva e da iniciativa privada. Todos os elos da cadeia humana precisam se mobilizar para mudar esse cenário, que no momento é realmente alarmante.
Um relatório publicado início de março pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU alerta para impactos “irreversíveis” caso a humanidade não freie o aquecimento global. Emissões de dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa aqueceram o globo em 1,1°C em comparação aos tempos pré-industriais. Com 1,5°C de aquecimento, algo extremamente difícil de evitar neste momento, essas consequências se tornam trágicas. Segundo o documento, hoje um terço da população mundial está exposta ao estresse térmico. Porém, dependendo das ações tomadas para limitar essa emissão de gases, esse número pode aumentar para 50 a 75% da população até 2100.
Catástrofes
Calor extremo, inundações, agravamento de tempestades, seca, poluição atmosférica, incêndios florestais, proliferação de doenças transmitidas por vetores, como a febre do Nilo e malária, estão entre os riscos para o bem-estar e a vida humana, de acordo com relatório publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU.
Além disso, desastres naturais e seca prolongada estão cada vez mais ligados a transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão.
Ondas de calor matam mais pessoas a cada ano do que qualquer outro tipo de evento climático. Outro estudo, também baseado do relatório do IPCC, mostra que bebês de hoje enfrentarão 7 vezes mais ondas de calor no mundo que seus avós. A nova geração passará por uma incidência bem maior de queimadas, secas, enchentes, tempestades tropicais e quebras de safras ao longo de suas vidas, em comparação com quem
nasceu em 1960.
Outro estudo, conduzido por Mojtaba Sadegh, climatologista da Universidade Estadual de Boise e também publicado no início deste mês, aponta que, em todo o mundo, pessoas de baixa renda estão 40% mais expostas a ondas de calor perigosas do que as de alta renda, tanto porque são mais propensas a viver em regiões quentes, quanto porque são menos propensas a ter acesso a recursos de refrigeração, como geladeira e ar-condicionado. E pior: essa desigualdade deve aumentar ainda mais à medida que as mudanças climáticas se intensificam. “Se não nos adaptarmos, continuaremos a ver cada vez mais perdas. Ondas de calor piores estão vindo em nossa direção”, diz ele.
Fome
O relatório é claro sobre o que espera a humanidade nas próximas décadas, caso não consigamos reverter o aquecimento global. Se nada for feito haverá fortes impactos sobre a agricultura mundial, causando escassez de alimentos. Áreas cultiváveis na América do Sul vão encolher ainda mais. Nos últimos 30 anos, as mudanças climáticas já reduziram o rendimento das principais culturas em até 10% no mundo.
De acordo com os cientistas, a queda de produção na agricultura em certas regiões já atingiu 166 milhões de pessoas, principalmente na África e na América Central, que dependem de ajuda humanitária com água e alimentos.
Despreparo
Os sistemas de alerta antecipado – uma previsão meteorológica detalhada, por exemplo – são ferramentas que os órgãos municipais e estaduais podem usar para ajudar as pessoas a se planejarem para um clima extremo e buscarem recursos quando precisarem, como um centro de resfriamento, diz o relatório. De acordo com Kristie Ebi, autora do relatório e especialista em saúde global na Universidade de Washington, a necessidade de melhorar tanto as redes de energia quanto os sistemas de saúde para o aumento do calor é “urgente e imediata, no entanto, não estamos preparados”.
Deu para perceber que não é sobre um fenômeno que ameaça populações no futuro? Estamos falando de problemas imediatos e urgentes, que estão acontecendo aqui, no mundo e agora para qualquer um ver! (Fontes: National Geographic, UOL, BBC Brasil)