Claudio Neves/Portos do Paraná

Preço dos materiais recicláveis despenca e dificulta vida dos catadores

Uma situação que já vinha sendo observada desde o segundo semestre do ano passado ganhou força nos últimos meses: a crescente quantidade de material reciclável deixada pelos catadores em calçadas e ruas. Isso vem ocorrendo devido ao baixo preço pago por esses materiais. Com os valores em queda, muitos catadores estão encontrando dificuldades para manter sua fonte de renda, já que dependem da venda desses materiais para depósitos ou empresas especializadas.

Até mesmo materiais mais disputados como ferro e alumínio perderam a atratividade. O preço pago pelo quilo da latinha caiu, em média, de R$ 8,50 para R$ 5. Já o preço do papelão despencou de cerca de R$ 0,80 por quilo para R$ 0,20; enquanto o plástico, que era vendido a R$ 1,80, teve uma queda aproximada de 80% no valor.

Para entender por que os preços caíram tanto é preciso considerar uma soma de fatores e voltar ao auge da pandemia, quando a falta de matérias-primas elevou o preço pago pelos recicláveis. Depois, conforme a atividade econômica e social foi voltando ao normal, o fluxo de matérias-primas se estabilizou no mercado internacional, puxando para baixo o preço dos materiais que podem ser reprocessados.

Outro fato que contribuiu para a queda dos preços é o número de catadores e de depósitos, que cresceu à medida que aumentou o desemprego nos meses mais críticos da pandemia. Além disso, falta qualidade aos materiais mandados pela população para a coleta seletiva, que precisam ser corretamente separados e minimamente limpos.

Essa situação representa um desafio para a indústria da reciclagem e a sustentabilidade do planeta, além de afetar a renda de milhares de pessoas que veem na catação a sua forma de sobrevivência.

Para piorar, na engrenagem da coleta seletiva, preços menos atrativos significam mais material reciclável indo para os aterros e lixões. A situação é preocupante, pois a reciclagem – além de sua função social – é uma das principais formas de preservar o meio ambiente e combater o desperdício de recursos naturais. Se o preço dos materiais recicláveis continuar a cair, isso pode prejudicar seriamente a cadeia da reciclagem e impedir a concretização das metas acordadas pela PNRS bem como dos incentivos para a reciclagem.

Diante desse cenário é fundamental que, tanto a iniciativa pública quanto a privada tomem medidas para incentivar a reciclagem e valorizar os catadores. Aqui na MAPA.SA acreditamos na importância de que as empresas invistam em programas estruturantes para fortalecer o trabalho das cooperativas e gerar valor – e trabalhamos para isso. Também é fundamental que o poder público pense e coloque em prática políticas que estimulem a atividade desse setor, como a revisão da cobrança de impostos sobre os recicláveis e ações permanentes de educação ambiental.

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