Consumo consciente e descarte adequado são fundamentais para reaproveitamento completo do material e redução do impacto ambiental
Com o plástico completamente inserido no dia a dia das pessoas e com incontáveis contribuições à sociedade, o que podemos fazer para que o seu impacto não seja prejudicial? A pergunta é pertinente em cenário onde o isolamento aumentou o consumo do material em suas diversas formas e intensificou debates sobre soluções definitivas. Entre elas, o descarte adequado e o consumo consciente, que dependem da atitude de cidadãos, empresas e governos.
Nesse sentido, a reciclagem é um dos principais caminhos. Para que o plástico deixe de ser apenas resíduo e seja integralmente reaproveitado, é necessário reforçar comportamentos de consumo consciente desde a hora da compra, evitando sempre desperdícios. Outro importante passo é o descarte adequado, mudando um cenário que ainda não é alentador. Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostram que a quantidade de resíduos sólidos urbanos destinados inadequadamente no Brasil cresceu 16% na última década. O montante passou de 25,3 milhões de toneladas por ano em 2010 para 29,4 milhões de toneladas/ano em 2019.
A estimativa é de que aproximadamente 20% de todo plástico consumido seja constituído de itens descartáveis (garrafas, embalagens etc.) e, desse total, apenas 30% chega a ser reciclado no Brasil. É um percentual ainda baixo, mas o tema reciclagem ganha cada vez mais espaço. Boa parte desses resíduos poderia ser aproveitada pelas Unidades de Triagem, elo importante da cadeia de reciclagem e que conta com apoio de programas como o Ser +, da Braskem, que destina recursos para melhorias desses espaços.
Política nacional
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada pela Lei n°12.305, de 2010, determina responsabilidades para toda a sociedade, como a existência de unidades de triagem e reciclagem, que são os locais destinados a separação de material sólido residencial e de escritórios realizado após a coleta de lixo urbana. Os materiais são separados pelos trabalhadores destes galpões, como também são chamadas as unidades, em esteiras ou mesas de acordo com seu tipo. Após separados, podem ser enfardados ou até mesmo receber um primeiro beneficiamento. Posteriormente, as indústrias de reciclagem efetuam a compra do material triado que volta a ser processado industrialmente. Elas são uma parte da economia circular que precisa ser incentivada para, desta forma, aumentar a reciclagem de plásticos e, consequentemente, contribuir para o aumento do volume de plásticos retirados do ambiente.
Lavar ou não lavar, eis a questão
Nas conversas sobre a importância da separação dos resíduos, surgem muitas dúvidas sobre como entregar o lixo seco. Lavar ou não lavar as embalagens é sempre uma delas. O coordenador técnico do programa Ser +, Alessandro Soares, diz que essas discussões são bem comuns, até no meio acadêmico. “Não tem certo ou errado sobre o tema limpeza das embalagens para entrega à coleta seletiva.”
Ele recomenda não lavar as garrafas, só esvaziar, pois o material será lavado para seguir o processo de reciclagem. “Mas, se estiver lavando a louça e quiser reutilizar a água rápida para passar nessas embalagens, tudo bem”. No caso de potes como de iogurte ou margarina, Soares orienta apenas passar um guardanapo para limpar o resíduo e lembra que “reciclável é a embalagem, não o conteúdo”.
O descarte adequado é uma das maneiras de aumentar a quantidade de material reciclado. Por isto é importante identificar os diferentes resíduos:
Recicláveis:
– Garrafas de bebidas (vidro e plástico)
– Potes de iogurte
– Latas de bebidas
– Embalagens de alimentos secos
– Embalagens de enlatados
*É necessário tirar o excesso de resíduo dos materiais que serão reciclados. O descarte deve ser feito separado dos não recicláveis e destinados a pontos de coletas seletivas.
Não recicláveis
– Equipamentos eletrônicos
– Restos de obras (entulhos)
– Tecidos e roupas
– Madeiras
– Pilhas e baterias
– Móveis
* Lâmpadas, pilhas, baterias e lixo eletrônico podem ser encaminhados para pontos específicos de coleta desses itens, mas não podem ser descartados no lixo comum.
Dicas sobre o descarte adequado de plásticos
O coordenador técnico do programa Ser+ chama a atenção para um detalhe importante na ocasião do descarte, que irá facilitar e agilizar o processo:
– Evitar rasgar os materiais porque os pedaços de plástico ou papel podem escapar da esteira que faz a triagem dos resíduos no galpão;
– É melhor só dobrar, principalmente quando se trata de papel – branco ou misto – e papelão, para diminuir o volume.
Economia de energia
A reciclagem, além de evitar o impacto do descarte inadequado no meio ambiente, representa economia de energia porque reduz a necessidade de produzir materiais a partir do zero. Uma tonelada de plástico reciclado economiza 5.774 Kwh de energia, 16,3 barris de petróleo e 22 mil metros cúbicos de espaço no aterro, de acordo com um estudo feito pela Universidade de Stanford.
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O exemplo de Dois Irmãos
O município de Dois Irmãos (RS) é um exemplo de parceria que deu certo entre a sociedade, os recicladores e o poder público, em busca de soluções para a destinação adequada de resíduos. A Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos nasceu com a coleta seletiva da cidade, em 1994, e ainda hoje é responsável por esta atividade do município – apenas o caminhão e o motorista são da prefeitura. “Dois Irmãos é diferenciada, tem uma comunidade consciente”, orgulha-se o presidente da cooperativa, Fábio Rodrigo Bamberg. Com 38 associados, a cooperativa, além da coleta, faz a moagem, lavagem e extrusão do plástico, o que agrega valor ao produto comercializado. Com isto, eles conseguem uma renda média mensal de R$ 2 mil.
O volume médio de plástico reciclado é de 48 mil quilos/mês e todo o lixo seco é levado para a usina em Picada Café. A conscientização da comunidade de 33 mil habitantes é reforçada com a promoção de visitas à usina e conversas com os alunos nas escolas com apoio da prefeitura, que disponibiliza transporte até o local. Bamberg conta que, antes da pandemia, os recicladores recebiam em média 1.500 visitantes por ano. (Fonte: Braskem)