Licenciado Pixabay

Um sopro de esperança? Geração Z considera “cringe” não adotar sustentabilidade nos negócios

Nos últimos meses, temos presenciado alguns debates que nasceram na internet e acabaram ganhando força fora das redes. Um exemplo disso é a discussão entre as gerações millenials e geração Z sobre avaliar se uma determinada ação ou gosto é classificada como “cringe”. Por exemplo, tomar café da manhã ou gostar de Harry Potter te faz “cringe” para a geração Z. Mas qual a relação de tudo isso com a sustentabilidade?

A resposta é simples, na verdade é a evolução da percepção da geração dos millenials que iniciou um processo de mudança sem volta. A geração Z traz um novo olhar para os investimentos, para suas escolhas de consumo e de marca, o que impacta diretamente no caminho que as marcas e seus negócios vêm colocando em prática hoje.

A geração Z, de acordo com uma pesquisa realizada pela First Insight, supera os seus antecessores em utilizar a sustentabilidade como fator de escolha ao consumir um produto. Além disso, 73% dos entrevistados estão dispostos a pagar um preço 10% superior em produtos sustentáveis.

Essa geração, que hoje representa 51 milhões de indivíduos no Brasil, ainda não atingiu o mercado de trabalho em massa, porém, apresenta não somente 93% de influência no poder de compra do mercado doméstico, mas também são adeptos a causas e propósitos.

É uma geração que, assim como seus antecessores, os millenials, trouxe uma revolução ao mercado e uma tendência às marcas. Eles ditam os novos modelos de negócio e o que passa a ser “cringe” ou não e prezam pelo conceito de sustentabilidade, selecionando marcas pela autenticidade das ações ambientais, sua responsabilidade social, transparência e ética.

A cada geração, a sustentabilidade se torna um critério de escolha nas compras, mas digo ainda mais nas formas futuras de negócio. Isso pode ser percebido no mercado de alimentos veganos. Nos Estados Unidos, a geração Z representa 1/4 da população no mercado de vegetarianismo e veganismo, segundo pesquisa realizada pelo banco britânico Barclays. No Brasil, segundo o IBOPE, em 2020, mesmo o país sendo o 5º maior consumidor de carne, 47% dos brasileiros reduziram o consumo de carne no último ano. Não somente devido ao aumento do preço da carne, mas principalmente pelo crescimento de consciência quanto à busca por soluções mais sustentáveis, saudáveis e livre de crueldade contra os animais.

Esse perfil é observado mundialmente, tendo de acordo com a previsão do Allied Market Research um crescimento de 8,4% nos últimos 3 anos e 3,1 bilhões de dólares em vendas de produtos veganos em 2017, segundo um estudo realizado pela Plant Based Foods Association e The Good Food Institute.

Observa-se que, sem sombra de dúvidas, a geração Z e as próximas gerações são e serão definidores de novos hábitos de consumo, tendências e formadores de novos mercados e negócios. Seguindo este cenário, em todo mundo, empresas e investidores estão adequando seus negócios para atender a demanda dos novos consumidores. Assim, questiono, o que sua organização tem feito para embarcar nessa onda e não se tornar “cringe” por não abordar propósito ou sustentabilidade em seu produto?

* Por Rebeca Venâncio, Analista de Sustentabilidade da Fundação Espaço ECO, consultoria para sustentabilidade criada e mantida pela BASF.

Compartilhe!